7 de out. de 2012

Para motivar

Na minha primeira consulta na nutri ela me deu um folder com esse texto, e confesso que coloquei na bolsa e não li. Mas achei ele esse final de semana limpando a tal bolsa e me arrependi de não ter lido antes. Vou digitá-lo todo aqui pois eu achei incrivelmente a minha cara, e acho que a cara de muitas de nós. 

Cabeça Magra x Cabeça Gorda

"Comi um pedaço de bolo no trabalho. Era aniversário de um colega. De cara pensei: está tudo perdido, vu estragar minha dieta. Saí do escritório, passei em um supermercado e comprei doces e sorvetes. Afinal, perdido por um... Em casa devorei tudo isso e muito mais. Dor, culpa, arrependimento e... mais comida. Final de mais uma dieta, mais uma frustração."
(Depoimento verdadeiro de Maria Lucia, 28 anos).

Esse relato, típico da pessoa com compulsão alimentar, revela o lado "gordo" de nossa amiga. Sua forma distorcida de avaliar a realidade a levou, como vem levando, a comportamentos errôneos em relação a seu peso, ao alimento. Pensamentos que refletem crenças errôneas, não questionadas.

Naturalmente todos os seus colegas comeram a fatia de bolo. Aqueles de "cabeça magra" voltaram a seu trabalho e não mais pensaram no assunto. Nem se iriam compensar deixando de comer isso ou aquilo no jantar. Cada qual voltou para sua casa e tocou sua vida, inclusive em termos alimentares.

Qual a diferença entre eles e a nossa amiga? Nela a perspectiva de comer um pedaço de bolo provocou, por experiências passadas, pensamentos automáticos, distorcidos, do tipo "está tudo perdido", "estraguei tudo", que a levaram a culpa e motivaram o descontrole. Como poderia ter agido, se fosse possível voltar ao tempo?

Seu comportamento está automatizado. Ela procede dessa forma sem perceber. Aceita, sem qualquer contestação pensamentos distorcidos como verdadeiros sem sequer dar-se conta. Enquanto não aprender a desmontar esse comportamento, será refém de situações desse tipo, por melhor que seja  sua dieta. Lembre-se, pensamentos distorcidos geram comportamentos distorcidos e refletem crenças errôneas. Neste caso é necessário identificar, estar atenta aos primeiros indícios desses pensamentos automáticos. Para isso devemos registrar os pensamentos da forma em que ocorrerem. Pergunte-se "o que estou pensando agora?" "O que se passa em minha mente?" "estraguei tudo?" "está tudo perdido?". Após identificar esses pensamentos, deverei questioná-los. Será que realmente estraguei tudo? Como posso justificar isso? Em que me baseio? Bem, comi um pedaço de bolo e acrescentei algumas calorias a minha dieta HOJE, mas se eu parar agora, não terei estragado nada. Pronto. Criamos ao menos a opção de nos comportarmos dessa ou daquela maneira.

Colocamos a razão, a mediação entre o impulso e o ato de comer em si. Procedendo desta forma, identificando, mediando e questionando esses pensamentos, eles serão substituídos por outros mais lógicos e que gerarão comportamentos mais adaptativos. Se não me sinto culpado por ter comido um pedaço de bolo, se compreendo que isso não é o caos, posso evitar o ataque de comer.

A sensação de falta de controle leva a culpa. A culpa gera ansiedade. A ansiedade leva a comida, que leva a falta de controle, que leva a culpa, que leva a ansiedade, que leva...
Esse ciclo pode e deve ser interrompido questionando-se sua origem: formas errôneas de avaliar a realidade.

Força e fé! Beijinhos...

3 comentários:

  1. Muito bom o texto!

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  2. Nossa, é a minha cara tbm! Daqui para frente, nos momentos de compulsão, com certeza lembrarei desse texto! Obrigada!

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  3. Minha cara tbm! Daqui pra frente, nos momentos de compulsão, com certeza lembrarei desse texto! Obrigada!
    Beijoss.

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